sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Evolução...

Hoje quando levava a minha filha à escola falávamos da evolução a que se assistiu no que diz respeito à informação e à forma como ela nos é disponibilizada… este disco era estupendo na sua altura… mas, pensar que um qualquer telemóvel, parecido com aquele que uso no dia-à-dia, multiplica por 12.800 a capacidade desta brutalidade, ilustra bem o quanto evoluímos!


quinta-feira, 20 de julho de 2023

Suicídio demográfico... um texto com alguns anos, mas tão atual!...

A Fundação “Robert Schuman”, num alerta muito actual e bem documentado, chamou a atenção para o fenómeno da catástrofe demográfica em que silenciosamente a Europa mergulhou e a que deu o título de “Europa: o Suicídio Demográfico”. Apesar de sucessivos alertas vermelhos para a situação de “Inverno demográfico” em que mergulhou o “Velho Continente”, que foi promovido, incentivado e imposto pelos decisores políticos, agentes culturais e educativos, os nossos responsáveis não quiseram prestar atenção nenhuma.

Já em 1976 (mil novecentos e setenta e seis!) a editora Gallimard (Paris), tinha editado um livro, que foi um verdadeiro “best seller” e a que os autores, homens de saber (Pierre Chaunu – Professor na Sorbone e Georges Suffert – jornalista) deram o sugestivo e premonitório título de «LA PESTE BLANCHE – comment éviter le suicide de l` Occident» (A Peste Branca – como evitar o suicídio do Ocidente). É curioso o título que deram ao livro e que vincam ao titular a introdução assim: «Uma nova variedade de peste». Os autores, cujo livro acabo de reler, a propósito deste cataclismo demográfico que estamos a viver, perguntam-se: «O que é a peste branca?» e respondem: «a desesperança generalizada. A indiferença face à vida, a recusa de todo o sistema de valores, o egoísmo apresentado como a mais refinada das belas-artes.» … «gozar o presente, não lutar, não ter descendência – escolhem o que bem podemos chamar um suicídio colectivo».

… Entretanto, em que se têm ocupado os decisores políticos, os media, os professores, os médicos, os enfermeiros …a promoção de todas as condições que levaram a este suicídio colectivo!

E a hipocrisia, a leviandade e a perfídia dos políticos em quem votamos, vem oferecer facilidades: mais dinheiro para se ter mais filhos! Não, não é este o caminho. Seguem, conscientemente, o politicamente correcto que é recusarem-se a ver e a corrigir o muito e muito mau que continuam a promover.

As ideias matam, está-se a ver! 

«Que silêncio ensurdecedor face ao suicídio demográfico da Europa no horizonte de 2050! As projecções demográficas das grandes regiões do mundo de agora até lá são reavaliadas de dois em dois anos pelas Nações Unidas e regularmente pelo Eurostat para os Estados membros da União Europeia (…) Na realidade, ninguém fala no assunto, sobretudo em Bruxelas onde se prefere produzir relatórios sobre revoluções tecnológicas, o desenvolvimento durável ou a transição energética» (fonte, a indicada).

Os nossos políticos “assobiam” para o lado! Recusam-se a ver que o grande problema, a grande causa desta catástrofe-suicídio-inverno-cataclismo demográfico está no mundo das ideias que implementaram e implementam contra a natalidade, a família, o casamento, a filiação, paternidade…

A «Peste Branca» dizima, há muitos anos, a Europa. E não há cadáveres, pois não se nasce. Não se deixam nascer crianças. Morre-se cada vez mais tarde. Nascem crianças cada vez menos.

 Um facto que nos deveria inquietar: o número de caixões, na Europa, já ultrapassou o número de berços.

Portugal não foge à regra. Quem tiver dúvidas, pode consultar, agora, essa grande e científica base de dados que é a Pordata. Vê que, agora (qualquer que seja o dia e a hora), neste momento, já morreram mais pessoas do que as que nasceram.

A população portuguesa residente não cessa de diminuir, apesar dos subsídios à natalidade que são pura demagogia! 

São as ideias que matam. São as ideias que são suicidas. E as ideias suicidas, em termos demográficos, andam à solta e são apoiadas e promovidas, malgrado a situação catastrófica em que vivemos.

É o que temos e é o que temos de combater… se queremos sobreviver como civilização.

Carlos Aguiar Gomes (... no Facebook)

terça-feira, 23 de maio de 2023

Bula Manifestis Probatum do Papa Alexandre III pela qual confirma o Reino de Portugal - 23 de maio de 1179

Em 1128 D. Afonso Henriques tomou conta do Condado Portugalense, e logo procurou obter o reconhecimento da sua independência. Em 1139, com a vitória na batalha de Ourique, o seu prestígio aumentou e ele passou a intitular-se rei de Portugal, título que foi reconhecido pelo Tratado de Zamora por seu primo, Afonso VII, imperador de todas as Espanhas. 

No entanto faltava ainda o reconhecimento por parte do papa, uma vez que D. Afonso Henriques continuava a temer hipotéticas pretensões de seu primo, pois como tenente de Astorga, era ainda vassalo de Afonso VII. 

Em 1143 faz juramento de vassalagem ao papa, e no ano seguinte, em carta Claves regni celorum renova o juramento e compromete-se a pagar o censo anual de quatro onças de ouro, pedindo como contrapartida a protecção pontifícia e a garantia de que nenhum poder espiritual ou temporal interferiria no seu território.

O portador da carta foi o arcebispo de Braga, D. João Peculiar, mas a iniciativa não teve sucesso por contrariar a política de Roma: a Santa Sé entendia que se impunha a união dos reinos cristãos da Península Ibérica, sob a dependência de Afonso VII, para se conseguir uma vitória sobre os muçulmanos. 

Lúcio II, pela bula Devotionem tuam, de 1 de maio de 1144, aceita a vassalagem, o censo e a doação do território, mas dá ao rei simplesmente o título de "dux Portugallensis", e ignora as contrapartidas pedidas por D. Afonso Henriques. 

Sem desistir, o rei informa o papa de que alargara as fronteiras até ao Baixo-Alentejo, valorizando assim o território que doara à Santa Sé. 

Por ocasião da canonização de S. Rosendo, em 1173, o Cardeal-Legado, Jacinto, já incluiu D. Afonso entre os reis peninsulares, e finalmente Alexandre III concedeu-lhe o título de rei de Portugal, não a título de graça, mas por ter ficado provado, "manifestis probatum", que os seus feitos amplamente o mereciam. 

Esta bula, datada de Roma, 23 de maio, é a Magna Carta de Portugal como estado de direito, livre e independente.



fonte: Arquivo Nacional Torre do Tombo, disponível em https://digitarq.arquivos.pt/details?id=3908043

sexta-feira, 19 de maio de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 38 // Carlos Aguiar Gomes

SILERE NOM POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 38

BRAGA, 18 - MAIO - 2023

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PAX


Nossa Senhora da Vida

«Que Santa Maria, Mãe da Vida, guie os nossos passos e nos encha de vigor para promover a dignidade da pessoa humana, desde a sua concepção até à sua morte natural.»



Desde 1975, pelo menos, que travo uma luta pelo DIREITO À VIDA, contra o Aborto, nomeadamente. Frequentemente sinto-me fatigado e repetitivo. Há tantos anos, em artigos, em palestras, debates, conferências ou programas de rádio a dizer o mesmo: a vida humana começa na concepção, um facto científico e que antes desta não há vida humana, mas células humanas (o óvulo e o espermatozoide) mas que a junção destas forma um ser uno, único e irrepetível e que tem o direito primeiro e fundamental de o deixarem viver. É esta uma verdade científica e negá-la é uma mentira e uma recusa obscurantista que a ignorância ou preconceitos ideológicos defendem. Sei, tenho a certeza, que a Ciência está do meu lado e de todos os que, como eu, e somos muitos, a defender esta verdade da Biologia.

Se estou cansado, e é um facto, sinto-me espicaçado a “voltar à carga” na defesa dos mais débeis entre os débeis, todas as vezes que os defensores da chacina intra-uterina dos bebés por nascer, que são muitos e dispõem de meios poderosos ao seu dispor, se manifestam em todo o lado, dos Parlamentos aos jornais e revistas ou outros meios de comunicação. Se eles se repetem, sem novidades, incansavelmente, por que razão eu deveria ficar calado e, também esgrimir argumentos a favor da vida humana e ainda por cima com a Ciência do meu lado, mesmo que de cada vez que o faço, me repita: a VIDA HUMANA começa precisamente na concepção e defender a sua “interrupção” é uma mentira infame, pois uma vida interrompida morre e não volta à vida.

Os “descontinuadores” da vida humana ou defensores do Aborto (também da Eutanásia!) não se fatigam de se repetirem, usando sempre os mesmos argumentos. Como posso claudicar perante esta “guerra” contra o Direito à Vida mesmo, tal como outros, correr o risco de me repetir?

Assim, nesta Carta, três dias depois de celebrarmos o DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA (15 de Maio), berço da humanidade e tão atacada neste momento histórico da nossa civilização, irei divulgar um extracto de uma Nota Pastoral dos Bispos de Espanha sobre a Lei do Aborto neste país e a posição do Tribunal Constitucional sobre a constitucionalidade de ser considerado um direito constitucional espanhol o “Direito ao Aborto” (9 de Fevereiro de 2023), apoiando a construção de um novo paradigma civilizacional “ desconstruindo” o naturalmente vigente de que a Vida Humana começa na concepção.

Face à nova posição do dito Tribunal Constitucional, os Bispos espanhóis escreveram:

«… Defendemos a dignidade de cada pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, independentemente da sua idade, raça, estado de saúde.
  1. Só se poderia afirmar o direito ao aborto no caso de o embrião ou o feto não fossem nada; mas, o não nascido não é uma coisa, é um ser humano. Assim, qualificar como direito a eliminação de modo voluntário da vida de um ser humano inocente é sempre moralmente mal. Com esta lei, o ser humano nos primeiros momentos da sua existência é um verdadeiro sem papéis, candidato à expulsão do ventre materno.
  2. Queremos reiterar o nosso apoio incondicional às mulheres que sofrem as consequências de uma gravidez não desejada, oferecendo-lhes a ajuda eficaz da Igreja, através de tantos programas e associações, recordando-lhes que a morte do filho que trazem no ventre nunca é a solução para os seus problemas.
  3. Recordamos outra vez que com esta lei os direitos e obrigações do pai do não nascido ficam inibidos e censurados.
  4. Lembramos que, com resoluções como esta que acaba de ser aprovada, o “direito” deixa de o ser porque não está já fundamentado solidamente na inviolável dignidade da pessoa, mas submetido à vontade do mais forte. Deste modo a democracia, malgrado as suas regras, segue um caminho de totalitarismo fundamental (S. João Paulo II, in “Evangelium vitae”, n.º 20).
  5. Convidamos os profissionais de saúde a exercerem o seu direito à objecção de consciência, já que “leis” deste tipo não só não criam nenhuma obrigação de consciência, mas, pelo contrário, estabelecem uma grave e precisa obrigação de se lhes opor mediante a objecção de consciência (id. n.º 73).
  6. Animamos todos os membros do povo de Deus e a todas as pessoas de boa vontade a recusar qualquer atentado contra a vida, seja trabalhando com valentia e criatividade por instaurar a tão necessária cultura da vida. Seria muito grave ficarmos de braços cruzados pensando que já nada se pode fazer.
Que Santa Maria, Mãe da Vida, guie os nossos passos e os encha de vigor para promover a dignidade da pessoa humana, desde a sua concepção até à morte natural.» 
Firmes, claros e precisos, os Bispos espanhóis também não se sentiram repetitivos e cansados de afirmar o que já têm feito em inúmeras ocasiões o que acabei de transcrever. Deram-me ânimo para me repetir pela enésima vez. E não continuarei calado. E repetirei as vezes que forem necessárias o que é a verdade e denunciar o crime mesmo quando a “lei” o não reconheça como tal. 

Na realidade, nem tudo o que é legal é moral! 

«Que Santa Maria, Mãe da Vida, guie os nossos passos e os encha de vigor para promover a dignidade da pessoa humana, desde a sua concepção até à morte natural.» 

Não me posso calar!

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes (facebook.com/carlos.aguiargomes), Braga, 18 de maio de 2023.

Não me imaginava a partilhar isto: ” Dias depois, Marcelo tem razão, outra vez”

Enquanto secretário de Estado da Energia, nunca ouvi sobre João Galamba um comentário negativo. Todos os que com ele interagiam te­ciam maravilhas da sua preparação técnica. Esses atributos podem chegar para ser número dois, mas para ser ministro é preciso mais. É necessário empatia, honestidade, honra, tolerância e humildade. Galamba tem, claramente, um défice crónico em todos estes atributos, desmontados um a um pela enorme coragem que o adjunto Frederico Pinheiro teve em enfrentá-lo. A passagem dele pela CPI é o maior ataque à tirania e pesporrência que este Governo demonstra. Hoje é claro que a única razão para acionar o SIS de forma a recuperar violentamente um computador teve como único objetivo impedir a divulgação das notas das reuniões que Galamba ocultou terem acontecido (neste caso o mesmo que mentir). A informação considerada secreta e que alegadamente punha em causa a segurança nacional afinal não só pode ser acedida por imensos assessores e adjuntos de vários ministérios como foi entregue à CPI e estava acessível através do telemóvel de Frederico Pinheiro, aquele que ninguém teve interesse em recuperar. A explicação mais simples é neste caso a correta. Só o computador continha as notas das reuniões onde Galamba combinou com a CEO da TAP a informação que podia ser divulgada aos deputados. Só o computador interessava, porque só esse punha em causa Galamba.


Quando se chega ao ponto de se pedir a serviços secretos que recuperem informação que apenas é sensível porque desmonta as mentiras e trapalhadas de um ministro, quando esses serviços atuam sem saber o que continha o dito computador, quando ameaçam e coagem apenas para proteger a cabeça de um membro do Governo, então ultrapassaram-se todos os limites imagináveis. Não só está em causa o Estado de direito como me parece óbvio que algo está muito podre dentro do Governo. Marcelo Rebelo de Sousa fez um discurso duríssimo na noite em que António Costa decidiu manter João Galamba, onde destruiu publicamente e em horário nobre a imagem de um ministro. Nem percebo como Galamba, depois das palavras do Presidente, não se demitiu outra vez. Qualquer um com um mínimo de vergonha teria percebido que ser ministro é muito mais do que uma assinatura no livro que reúne as declarações de compromisso de honra de membros do Governo.

Dias depois das palavras de Marcelo, os factos, um a um, vão-lhe dando razão.

João Vieira Pereira, Expresso, 19 de maio de 2023

segunda-feira, 15 de maio de 2023

SILERE NON POSSUM // // Carlos Aguiar Gomes

 

SILERE NOM POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos 

BRAGA, 15 - MAIO - 2023
DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA

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PAX


…OU O COLAPSO DE UMA CULTURA! 

EM DEFESA DA VIDA HUMANA

Num momento histórico bem lamentável, Portugal, acaba de legalizar a EUTANÁSIA. Triste sinal de um grande retrocesso civilizacional neste período da nossa História!

Portugal, país pioneiro na abolição da pena de morte, reintroduz esta em moldes diferentes no nosso ordenamento jurídico. E com um Chefe de Estado que se diz católico! Quando a lei iníqua que liberaliza a Eutanásia for promulgada, associar-se-á sempre esta ao Chefe de Estado que apaga a sua consciência (será mesmo?) em favor da Constituição que, neste momento, rege o nosso país, e como todos sabemos, uma Constituição, sendo importante, é alterável pelo Parlamento e vale para um determinado período histórico preciso enquanto não for alterada (Portugal já teve várias Constituições e todas foram sendo alteradas mais ou menos profundamente). E depois, temos de nunca esquecer que “ nem tudo o que é legal é moral”- recordemos que, por exemplo, a escravatura e a sua existência era legal ou que a pena de morte foi igualmente legal… 

O que deveria fazer Marcelo? Não promulgar e renunciar ao mandato como indicador da coerência e sintonia com a sua consciência. Esta é bem mais superior ao que diz a Constituição! A nossa consciência é o nosso guia superior e com o qual teremos de ter uma relação de respeito coerente. Foi o exemplo que nos legou o Rei Balduíno da Bélgica. Marcelo ficaria na História por uma razão de alto significado moral. Assim, a História vai lembrá-lo como indivíduo oportunista e, desculpem-me os camaleõs, como um camaleão humano que se adapta ao meio para se “safar” e ficar numa selfie da História integrado no ambiente deletério que caracteriza este nosso hoje. Tenho pena profunda do meu país!

E nós, os eleitores pró-vida que fizemos e que vamos fazer? A luta pelo DIREITO À VIDA não acabou.

… Mas como todas as leis podem ser alteradas e abrogadas, assim os nossos representantes (não os escolhemos para se representarem a si próprios, é bom nunca o esquecer) assim o decidam um dia. Deixo aos meus Amigos-leitores e eleitores, para batalhas próximas-futuras, um elenco de 12 razões para não aceitar a legalização da Eutanásia e nos guiar e ajudar, diariamente na nossa luta: 
12 motivos para dizer não à eutanásia e sim aos cuidados paliativos
«(Equipa Sempre Família)
11/01/2019 
Assim como o aborto, a eutanásia é outro assunto que envolve a polémica questão: somos nós quem devemos decidir sobre quando alguém nasce ou morre? Temos esse direito? A resposta parece óbvia, mas por conta das constantes investidas pela legalização da eutanásia na França (e em vários outros países do mundo), mais de 175 associações especializadas em cuidados paliativos assinaram um manifesto em que resumem sua posição a favor de cuidar das pessoas que estão na fase final da vida.

1. Todos devem viver com dignidade até o fim de sua vida

Toda pessoa, independentemente do seu estado de saúde, possui uma dignidade única e particular. Mesmo nas situações mais difíceis e menos desejáveis, as equipas de cuidados paliativos colocam todo o seu coração e experiência para proteger a dignidade dos pacientes. Ao contrário disso, a opção pela morte não garante essa dignidade e implica numa renúncia à condição humana.

2. A lei deve proteger os mais vulneráveis

As nossas decisões pessoais têm sempre uma dimensão coletiva, especialmente quando requerem a intervenção de terceiros, como na eutanásia. Acelerar e confrontar a morte é um comportamento anormal e solitário de alguns tipos de pessoas como idosos e pessoas que sofrem com alguma doença degenerativa, por exemplo, que sentem esse desejo ao perceber o mundo em que vivem e que as apresenta como um fardo para a sociedade.

3. A proibição de matar fundamenta a nossa civilização 

A ideia de “matar em alguns casos” ou “sob certas condições” deve sempre ser rejeitada mesmo que seja somente pelo princípio básico da prudência. A nossa civilização progrediu ao eliminar as excepções à proibição de matar (vingança, duelos, pena de morte). Legalizar a eutanásia significaria dar um passo atrás.

4. Pedir a morte nem sempre significa querer morrer

Pouquíssimos pacientes dizem que querem morrer, ainda mais quando são bem tratados e acompanhados. Além disso, quando eles pedem a morte, muitos querem expressar algo muito diferente da vontade de morrer. Pedir a morte significa quase sempre não querer viver em condições tão difíceis. Pedir a morte porque se está sofrendo é realmente uma escolha livre? Diferente disso, os cuidados paliativos restauram a liberdade do paciente no final de sua vida, controlando tanto a dor quanto o sofrimento mental.

5. O fim da vida ainda é vida.

Ninguém pode saber o que os últimos dias nos trarão Mesmo nessas situações difíceis, muitos pacientes vivem momentos extraordinários e importantes. Alguns descobrem nessa fase que a bondade existe, outros passam a valorizar os seus entes queridos, há aqueles que se reconciliam com algum amigo ou familiar, etc. Acelerar a morte privaria esses últimos e imprevisíveis momentos da condição humana.

6. Descriminalizar a eutanásia iria impor ao paciente e sua família a obrigação de considerar a ideia

Será que realmente queremos, no futuro, considerar a oportunidade de acabar com o sofrimento pessoal ou com a vida dos nossos entes queridos? Será que realmente queremos perguntar-nos, depois de um diagnóstico sério, sobre a injeção letal? Ou então imaginar os nossos entes queridos interrogando-nos  sobre isso quando estivermos sofrendo  numa cama de hospital?

7. Os cuidadores devem cuidar, não matar 

A vocação específica dos cuidadores é prestar cuidados, dentro de uma relação de confiança com a pessoa doente. Matar destrói este contrato de confiança e anula o código de deontologia médica (conjunto de normas éticas que todo médico deve respeitar).

8. Pesquisas de eutanásia referem-se a opinião de pessoas saudáveis, não doentes 

A partir de pesquisas, afirma-se que a sociedade está preparada para admitir a legalização da eutanásia. No entanto, ninguém pode projetar-se para o final de sua vida e dizer que sabem o que realmente gostariam naquele momento. De facto, as pesquisas não levam em conta a palavra dos pacientes terminais.

9. Errar numa decisão por eutanásia seria um erro médico irreparável 

Países que não revogaram a pena de morte têm sério problemas judiciais. No caso da legalização da eutanásia, nenhum paciente poderá reclamar de erro de diagnóstico, desconhecimento dos tratamentos existentes ou do verdadeiro motivo pelo qual o paciente pediu para morrer (lembrar do motivo número 4: pedir a morte nem sempre significa querer morrer). Você poderia admitir esse risco? Diante de situações difíceis, o que é preferível: o risco de viver um pouco mais quando estamos cansados da vida, ou o risco de morrer quando ainda queremos viver?

10. Legalizar a eutanásia generaliza o acto e não evita ultrapassar os limites 

A experiência mostra que a legalização está levando os limites legais da prática a níveis extremos, como a eutanásia de menores ou pessoas que sofrem de transtornos mentais. Os abusos crescem em países que legalizaram a eutanásia (por exemplo, o clandestino é três vezes mais comum na Bélgica do que na França).

11. Os cuidados paliativos devem ser prestados a todos 

Os cuidados paliativos devem estar acessíveis em todos os lugares e para todos. Eles são um direito do paciente e, actualmente, muitos deles não recebem os cuidados paliativos quando precisam.

12. O cuidado paliativo é incompatível com a eutanásia e o suicídio assistido 

A legalização da eutanásia e do suicídio assistido deriva da demanda por autonomia. O cuidado paliativo combina a ética da autonomia com a ética da solidariedade colectiva. Ele previne e alivia o sofrimento, enquanto a eutanásia visa acelerar a morte intencionalmente. Cuidados paliativos são tratamentos, a eutanásia é um ato mortal.


Perante esta lamentável decisão do Parlamento português e o que se espera do Chefe de Estado, não me posso calar. Não devo calar. Não quero calar. Não me calarei enquanto Deus me der vida e capacidade de me exprimir. Também não me limito a “lamentar” a dita aprovação. Repudio e tiro as devidas e lógicas ilações políticas e tudo farei, como até agora, para intervir sempre pelo respeito da VIDA HUMANA sobretudo quando esta é vítima da grande falta de AMOR, que erotizado e descartável, se tornou num vago sentimento de posse, de exploração altamente poluído e efémero. Do Amor limparam a dimensão do ÁGAPE, porém, o AMOR sem esta dimensão essencial não passa de um jogo de exploração do outro. 

A legalização pelo Parlamento português da Eutanásia é mais um sinal enviado ao povo eleitor de que aqueles que dizem representar-nos não nos querem ouvir, não querem respeitar o nosso modo de ser. Infelizmente, também não quiseram dar ouvidos a entidades altamente credenciadas como a Ordem dos Médicos ou a dos Enfermeiros que se pronunciaram contra este acto legislativo indigno que o nosso Chefe de Estado vai avalizar. Antes uma demissão presidencial, sinal de protesto, que a promulgação de uma lei iníqua. Triste sinal destes tempos de podridão moral! De colapso civilizacional e de retrocesso cultural.

Não me posso calar!

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes (facebook.com/carlos.aguiargomes), Braga, 15 de maio de 2023.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 37 // Carlos Aguiar Gomes

 

SILERE NOM POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 37

BRAGA, 11 - MAIO - 2023

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PAX



«Como dizia São João Paulo II na sua Carta aos Artistas, que vos convido a reler com atenção, «para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte. De facto, deve tornar percetível e até o mais fascinante possível o mundo do espírito, do invisível, de Deus». Por isso, tem de transpor para fórmulas significativas aquilo que, em si mesmo, é inefável. Ora, a arte possui uma capacidade muito própria de captar os diversos aspetos da mensagem, traduzindo-os em cores, formas, sons que estimulam a intuição de quem os vê e ouve». 
(cf. Papa Francisco “Discurso aos membros da Associação «Diaconie de la Beauté»,17.II.22)



Desculpem-me, por favor, os meus caros Amigos-leitores voltar à DIACONIA DA BELEZA como caminho do anúncio de Deus a um mundo pós-cristão e pós-humanista, “intoxicado” de erotismo (homo e hétero) que não é capaz de pensar sobre a Beleza do criado e, consequentemente, do Criador, a Beleza incriada, tão conspurcada anda a sua mente. Como pode o homem contemporâneo apreciar a Vénus de Milo, um bailado do Bolchoi, a Capela Sistina, um Anjo barroco desnudo e tantas outras obras de Arte idênticas que nos remetem, pela sua harmonia ou equilíbrio de formas para a perfeição da obra de Deus? A VIA PULCHRITUDINIS, o caminho da Beleza, remete-nos para perfeição das obras que nos encaminham para Deus e só mentes perversas e poluídas pelo erotismo pornográfico que invadiu todos os espaços físicos e mentais da contemporaneidade se atrevem a ver o que não é.

Em Braga, está a decorrer o 9º FESTIVAL INTERNACIONAL DE ÓRGÃO, um longo caminho que já, há várias edições, atingiu um nível que o catapultou a um dos maires eventos musicais organísticos da Europa. Tenho a certeza de que o Festival referido, poderia “caber” em Salzburgo, Viena, Amesterdão, Bayreuth e noutros grandes centros musicais do mais alto nível. Quando escrevo “do mais alto nível” estou a referir-me obviamente à altíssima qualidade dos intérpretes, da pluralidade de combinações vocais, instrumentais e bailado (neste festival que está quase a chegar ao seu fim).

Todos os festivais de órgão, têm tido uma curiosidade: cada edição é temática. Recordo, por exemplo, o tema “O órgão e os seus primos”. No de 2023 é mote, “o órgão e a dança”. Genial esta ideia de mostrar ao público melómano que a dança é intrínseca e audível quando o órgão “dança” com outros instrumentos, como foi o caso do Bandolim ou com crianças que exibiram os seus dotes de futuros grandes bailarinos com a candura de que só as crianças são capazes e respeito pelo lugar onde decorreram as suas magníficas exibições. Como se poderá ver outra coisa que não somente arte nestes curtos bailados da inocência que, falo por mim, me ajudaram a aproximar de Deus que dotou estas crianças do dom de nos encantar com movimentos puros, harmónicos e equilibrados do seu corpo?

Caros Amigos-leitores como se pode ser encaminhado para a oração, diálogo com Deus, quando nos impingem cançonetas “meladas”, ocas e bamboleantes ou nos obrigam a ver paramentos litúrgicos dignos, somente, de um desfile de Carnaval ou nos “oferecem” desfiles cansativos e sem sentido, por exemplo, em alguns Ofertórios “solenes”?  É este o caminho da Beleza? 

O FESTIVAL INTERNACIONAL DE ÓRGÃO de Braga é, tem de ser entendido assim, já como um verdadeiro património imaterial da humanidade. Braga sabe disso? Os bracarenses já se aperceberam deste grande evento que honra quem o organiza, apoia e o frequenta? Os putativos mecenas já se deram conta do valor acrescido que traz a Braga, a nível mundial, este evento?

Se os meus Amigos-leitores podem aceder aos programas das edições anteriores, lerem os excelentes cadernos distribuídos em cada Festival e ouvirem os CD`s que foram editados, podem constatar que o que escrevi não é um exagero!

E, para terminar esta minha Carta, os frequentadores dos diferentes concertos, já pensaram no imenso trabalho que dá organizar um Festival como este, no dinheiro que é despendido e que… as entradas são gratuitas quando para qualquer “concerto” de ruído as entradas são bem caras e têm publicidade gratuita dos grandes meios de comunicação social que ignoram este FESTIVAL INTERNACIONAL DE ÓRGÃO de Braga?

Como me posso calar quando oiço críticas desajustadas à realidade deste grande evento musical? 

A Arte tem inúmeras linguagens (cada época tem a sua linguagem) e nenhuma é, em si, perversa se não for perversa a mensagem que propõem à nossa contemplação. 

Não me posso calar!

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes (facebook.com/carlos.aguiargomes), Braga, 11 de maio de 2023.